sábado, 2 de julho de 2016

O TEMPO - PROSAS POÉTICAS


O tempo é amigo, ou não?


Ele é amigo e inimigo permanente.

É possível dizer que é um dos mais desobedientes.


As vezes, quando a gente pede para ele parar, ele corre.

Quando pedimos para ele correr, ele para.

As vezes pedimos ao tempo, que só dê mais um tempo. 

Mas ele tem compromisso com ele mesmo. Não com o nosso tempo.

É difícil de entender propriamente, o que significa uma hora, o que dizem ser sessenta minutos, ou até mesmo, um minuto.

As vezes um minuto pode parecer uma eternidade, como dois dias, podem passar em um segundo, e a gente nem percebe.

O tempo tem suas próprias prioridades. 

Talvez um dia, possamos entender qual é a medida exata do tempo.

Mas as confusões nao param por aí.

É só pensar quantas vezes já ouvimos as pessoas dizerem:  Dê tempo ao tempo, tudo é questão de paciência!

Aí percebemos que a paciência é muito mais amiga e íntima do tempo, do que dos nossos sentimentos.

Dos nossos sentimentos quem fica mais próximo é a turbulência e o caos.

E nesse momento, o tempo mostra-se  tão demorado...

Então para a paciência o tempo é rápido, mas para turbulência ele é bem devagar.

São confusões que a própria mente dificilmente conseguirá compreender.

Esse  tempo que tem tempo e vida própria, não pertence a mim e a você.

Sabemos que existem cursos infinitos de qualidade do tempo, organização do tempo.

Sim, eles funcionam! Profissionalmente!

Mas quando envolve o coração, o tempo subjulga a nossa mente.

A nossa inteligência fica num lugar, perdida, esperando o tempo resolver. 

De forma que, só ele sabe o quando, como e o porquê.

Eu não quero mais entender o tempo. Eu não sei você.

Mas eu só queria, que ele fosse mais meu amigo, do que o caos tem sido.

Pois a medida que tentamos compreender o que o tempo quer de nós, perdemos o que temos de mais precioso...Esse louco, findo e infinito tempo!  




sábado, 18 de junho de 2016

FATOS - PROSAS POÉTICAS E AFINS

Os fatos que de fato aconteceram, nem os próprios envolvidos, talvez possam dizer com propriedade, toda a verdade

Pois de fato se esqueceram do ato, se apegaram às vagas lembranças e às histórias por outros contados.

Contadas inúmeras vezes, que lhes tiraram a capacidade de dizer a verdade, não mais que a verdade, somente a dura, fria e crua verdade.

Existe verdade em algo não registrado, somente contado?

E mesmo nos registros, se forem eles fotográficos,talvez o ambiente seja armado, sorrisos sejam forçados e sentimentos não tão verdadeiros sejam colocados.

E  nos registros filmados, será que o filme foi adulterado?

Talvez nos registros escritos. Mas se esqueceram de uma vírgula, talvez  todo o quadro tenha sido mudado.

Talvez a verdade seja dita apenas uma vez. E todas as outras histórias,estejam cheias de flores, bordas, recheios.

Mesmo aquilo que parece destruidor, pode começar a se tornar belo.

E aquilo que era de infinita beleza, colocado na boca e língua de pessoas impuras, de corações orgulhosos, egoístas, sujo, possa se tornar o pior dos mundos, o inferno na terra.

Palavras são perigosas, distorcem, constroem , destroem.

Temos o poder na língua e em tantos outros meios. 

Não mais em canetas, mas em teclados. Não apenas no boca a boca, mas em noticiários.

Ferramentas inúmeras para dizer qualquer coisa, seja verdade, seja mentira, seja a mistura do que for.

Fatos, atos, registros, contos, notícias...

Em que, em quem, quando, porque acreditar?

Verdades, mentiras, todos podem contar!

Diferenciar uma da outra com certeza é o maior desafio.

Ser verdadeiro o tempo inteiro, contar os fatos como eles aconteceram. 
Contar repetidamente, sem mudar uma vírgula. Lembrar de tudo, todo o tempo. 

Quem fez, quem faz isso?

terça-feira, 14 de junho de 2016

OBJETOS DENOMINADOS PARTE I

Seus livros

Tenho vários livros, assim como você.

Li todos...

Mentira! Assim como você, li alguns, folheei outros, emprestei aos poucos, desisti de muitos, mas menos ainda, presenteei .

Sinto que me apego a eles. Mesmo que não os queira mais, nem sempre tenho coragem de descartá-los.

As vezes eu os espalho também.

Tenho um no carro, um na bolsa, alguns na cabeceira da cama, outros na sala e muitos na estante, entre os quartos.

Mas eu não faço como você, ou talvez eu faça...

Entenda, pessoas não são como livros. Folhear apenas? Talvez esse não seja o melhor método de levar a vida. Ou talvez seja.

Desistir dos livros pela capa? Talvez seja apropriado, mas a maioria das vezes não.

Ler o fim antes do começo? Ja fiz isso, mas li todo o restante depois, você não.

Me arrependi de alguns  que comprei, li novamente alguns que amei.

Creio que seus livros estejam um pouco mais bagunçados do que os meus. E sei que você já leu infinitamente mais do que eu.

Com certeza, nesse momento, você está lendo algum deles. E me pergunto: esse livro tem o conteúdo que você precisa para ir até o fim ou pelo menos, para realmente conhecer sua história?

Tem livro que é preciosidade, não se encontra em qualquer lugar. Cuide daqueles que a tiragem pode ser única.


Boa leitura!

domingo, 15 de maio de 2016

OS LUGARES DENOMINADOS - PARTE I

Sofá

Dizem por aí, que sofás são confortáveis.

Os gatos adoram, se espalham, se embolam. Arranham e destroem com a mesma facilidade e alegria. 

Aquela alegria que faz com que eles se estiquem, pedindo carinho na barriga e cafuné no cangote.

Talvez os sofás tenham sido feito para eles.

Algumas vezes, colocamos pessoas para dormir no sofá.  E perguntamos no dia seguinte, se dormiram bem.

E as pessoas respondem, com um rosto de leve felicidade, que sim. A noite foi boa!

Boa para quem dormiu no outro espaço. Um espaço chamado cama. Que aliás é perfeito para dormir!

Ninguém sabe a sensação de dormir num sofá, até ser colocado nele.

Os cochilos em frente a TV, são bem diferentes da noite inteira, neste espaço suficiente para os gatos.

Mas até os gatos preferem as camas, os cobertores quentinhos e o corpo de um humano para  lhe aquecer.

Gatos sabem o que é bom. Escolhem certo, sem dúvidas.


Humanos desperdiçam espaços, gatos e camas.

terça-feira, 3 de maio de 2016

Prosas Poéticas e afins

Som e luz

Sons do carro, sons do mato, sons emitidos pelo miado do gato

Sons da chuva, portas batendo, crianças correndo

Tudo isso acelera o meu peito, acreditando que a luz irá se acender em minha janela.

O raio de luz que não chega , me fazendo sentir o frio da espera

Frio  que vem , através do vento, sacudindo as cortinas, congelando as extremidades do meu corpo.

Com pantufas nos pés, como criança querendo um colo para se aquecer,

Assim estou eu, aqui sem você.

Volta logo, traz um pouco de calor, 

Aquece meus pés e a minha alma.

Tira do meu peito as batidas da espera e o faz acelerar com seus beijos

O raio de luz neste momento não se faz mais necessário 

Pois com minhas mäos poderei ver você

Os sons que quero ouvir são da tua voz ou da falta dela

E lá fora o que acontece?

Há crianças , há carros, há gatos?

Não importa mais, nem frio, nem vento

Se tudo isso acontecer, acabou o meu tormento.