terça-feira, 9 de setembro de 2014

a TrAjEtÓrIa


Acordei pensando hoje, quantos anos são necessários para estarmos prontos como ator?
A resposta veio como um trovão : A vida inteira ! E ainda assim, se ganhássemos mais um dia de vida, não seria suficiente para completar a nossa trajetória de estudos.

Me deparo com pessoas extremamente soberbas, que acham que sabem tudo do teatro, ou porque trabalham há muitos anos com ele, ou porque já assistiram muitos espetáculos, e fico pensando: será que Shakespeare era assim? Será que Stanislavski morreu satisfeito com as obras que ele deixou? E Laban, será que concluiu todos os seus estudos de voz e corpo? Se Pina Bausch estivesse viva ela ainda traria coisas novas?

A trajetória no teatro é extensa. Quando pensamos que aprendemos sobre Grotowski, surgem novos nomes e aí, cai uma ficha que precisamos entender quem foi e o que representa esse novo nome. E ainda que entendamos, que conheçamos todos os grandes nomes do teatro, desde o teatro oriental, passando pelo grego e chegando aos dias de hoje, somente no palco, atuando, naquela troca peculiar, entre platéia e ator, entre atores, é que chegamos a conclusão, que o teatro é uma troca infinita de saberes.

Nessa trajetória, há uma inquietação, natural do ser humano, e ainda mais natural do artista, de querer conhecer, de querer fazer a diferença no seu tempo. E ainda que um espetáculo seja apresentado mil vezes, mil vezes ele poderá ter um colorido diferente, sem perder sua essência. Porque o ator, é criativo. Porque a platéia é sempre diferente. Porque ninguém acorda igual todos os dias.

É difícil até entender, um ator que não busca novos conhecimentos. Que está satisfeito com o que foi aprendido lá atrás. A arte ela está em constante movimento, e é preciso entender quais os caminhos que ela quer percorrer.

Mas o mais importante que buscar o conhecimento, acredito que em toda profissão, é buscar ser humilde, ser generoso, ser ensinável.

Um dia, há mais ou menos 4 anos, eu comecei a estudar teatro, e comecei a me achar melhor que as outras pessoas que não conheciam nada. Queria falar os nomes difíceis, desfazia do teatro amador, de quem não estudava. Pura soberba e burrice. Ainda bem que isso passou bem rápido.

Hoje "sei que nada sei", como dizia o nosso grande filósofo Sócrates, sem entrar no mérito exato do porquê, ele falou isso. Mas, o resumo é esse, nada sei, e quando eu estiver com 90 anos de idade, ainda assim, terei tanto a aprender. 

Hoje sei, e isto tenho certeza, que cada movimento cultural é importante. O teatro amador é importante. As manifestações culturais tem sua beleza e importância. 

Enfim, a trajetória é longa e infinda. Mesmo que leve a algum lugar, sempre é possível ver o horizonte e pensar, e se eu caminhar mais um pouco, onde vai dar? Será que ali é mais interessante do que aqui?

Este é o ser humano! E qual a sua trajetória?




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