quarta-feira, 14 de maio de 2014

Shakespeare na minha vida

Há alguns anos, eu tive que fazer um tratamento contra o câncer de mama. E durante a quimioterapia, principalmente depois das 4 primeiras aplicações, eu me sentia extremamente debilitada. E por isso ficava assistindo filmes, deitada o dia todo e durante uma boa parte da noite. Por conta do efeito da insônia causada pelo tratamento.

O que Shakespeare tem a ver com isso? Nada!

Mas durante esse tratamento, que era como se a minha vida, tivesse parado. Foi quase um ano de pensamentos. Foi um momento de pensar: quais os meus sonhos, se ainda era possível realizá-los, e quanto tudo aquilo iria terminar.

E comecei tirar da gaveta os sonhos mais lindos, um deles era de fazer teatro. Afinal, eu sempre amei teatro, mas nunca estudei. Só ia de vez em quando, mas amava.

Amar sem estar perto, amar sem realmente conhecer, será que é possível?

Decidi que quando voltasse a "vida real", iria estudar. E foi o que fiz. Entrei para uma escola, para me formar como técnica em artes dramáticas.

Mas uma das primeiras desilusões,comigo mesma, foi quando o professor perguntou: Quantas peças você já leu, o que você leu sobre Shakespeare, o que você sabe sobre ele?

Então compreendi, que o meu amor pelo teatro era muito superficial. Que para amar eu precisava estar perto, conhecer um pouco. Porque, podemos viver uma vida inteira ao lado de alguém, e nunca conhecê-la por completo. Então conhecer por completo Shakespeare, isso com certeza seria e será impossível. Mas nunca ter lido Romeu e Julieta ?

Comecei a ler e percebi que suas palavras eram um pouco difíceis de compreender, e que textos mais antigos eram cheios de palavras em desuso.

Mesmo assim, estudando sobre ele, percebi quanto atemporal eram seus escritos. E mesmo quando haviam coisas rudes, e muito rudes, suas palavras eram poéticas.

Os anos se passaram, e neste mês de maio, tive a oportunidade de comemorar os 450 anos de Shakespeare, fazendo parte do Fórum Shakespeare 2014, realizado em SP, através da Funarte, Centro Cultural Banco do Brasil, People's Palace Projects e diretores maravilhosos, da Royal Shakespeare Company.
E é claro, com atores generosos e em busca de conhecer mais desse dramaturgo incrível que foi e que é Shaskespeare.

O que eu sinto agora, depois ter conhecido Vik Sivalingam, e com seu jeito incrível de mostrar no texto, rubricas que Shakespeare colocou, sem palavras, é que preciso estudar muitos e muitos anos para dizer que conheço suas obras.

Me sinto hoje, uma apaixonada e que precisa mostrar ao mundo, que os sonhos são feitos para serem realizados. Gavetas são feitas para guardar coisas, objetos, não sonhos. Sonhos, guardamos nos corações, compartilhamos com pessoas, e realizamos com ações, com projetos, com atitudes reais.

Se esse texto lhe parece ridículo, é porque eu não fui superficial e nem quero ser. As gavetas já foram abertas!!!